Diogo
da Luz
O
parto é um assunto que está sendo cada vez mais debatido no Brasil. A questão
tornou-se seriamente pertinente visto que o número de cirurgias cesarianas
aumentou de forma drástica nos últimos anos. Na rede hospitalar privada, o
índice fica em torno de 70 a 90 por cento dos nascimentos. No hospital Moinhos
de Vento, em Porto Alegre, a quantidade de cirurgias cesarianas já
ultrapassa 90 por cento dos casos. Já na rede hospitalar pública, o número de
cesarianas é menor, cerca de 52 por cento.
Dados como esses são muito estranhos se comparados com diversos
outros países. Por exemplo, na Holanda, somente cerca
de 15% dos nascimentos acontecem por meio de cirurgia cesariana. Em Cuba, que é um país reconhecido por sua medicina comunitária
e preventiva, se dissermos que o nascimento de crianças no Brasil é mais comum
por cesariana, eles irão estranhar, alertando que
é um procedimento mais perigoso por ser cirúrgico.
Outro fator preocupante é que muitas das práticas médicas que
envolvem o parto não são respaldadas por pesquisas científicas, indo,
inclusive, contra diversos estudos. Fatores considerados de
risco e que justificariam a cirurgia como cordão umbilical enrolado no pescoço do
feto, excesso ou falta de líquido amniótico, entre outros, não têm respaldo
científico. Algo também que, com certeza, não é muito falado em consultórios médicos é que a Organização
Mundial de Saúde apoia o parto domiciliar, pois é levada em
consideração a importância tanto do parto normal quanto do bem-estar da mulher. Isso sem contar nos riscos causados pela prematuridade
dos nascimentos agendados antes das 38 semanas (incerteza na contagem devido
a ecografias tardias, p. ex.), sendo muito comum em véspera de feriados.
A verdade é que, além de ser algo cultural, a "mania de
cesariana" é interessante para muitos profissionais envolvidos no mercado
da saúde. Uma cirurgia envolve mais profissionais, consome mais
serviços médicos e hospitalares. Não é à toa que os hospitais particulares
lideram esta lista. Já nos hospitais públicos, o governo federal está
estimulando cada vez mais o parto normal, pois além de ser melhor para a mãe
(sem cortes, sem debilitação para cuidar do bebê, sem internações
desnecessárias), também não arca com tantos custos médico-hospitalares.
A bioética do setor de saúde afirma ser imprescindível
que o paciente seja informado das motivações e das possíveis consequências
das práticas cirúrgicas a que será submetido. Nesse caso, a gestante/"paciente" tem
o direito de saber que o parto normal é o mais indicado para a gravidez de
baixo risco. Ela tem o direito de ser devidamente informada
para daí escolher a forma que julgar conveniente. As
mulheres não devem ser induzidas a praticar algo que
seja mais apropriado ao médico ou ao hospital. A mulher deve ser encorajada a empoderar-se desse
momento, pois aí então ela perceberá que, na verdade, quem faz o parto é ela, e
não o médico.
Referências:
Referências:
BRASIL.
Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à
mulher. Brasília, DF, jan. 2001
O Renascimento do parto. Direção e Produção: Eduardo Chauvet. Brasil, 2013. Son. Col. 90 min.
ESTUDA, Melania, estuda!. Disponível em:http://estudamelania.blogspot.com.br/. Acesso em: 14 Jul. 2014.
Dall Agnol, D. Bioética. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
O Renascimento do parto. Direção e Produção: Eduardo Chauvet. Brasil, 2013. Son. Col. 90 min.
ESTUDA, Melania, estuda!. Disponível em:http://estudamelania.blogspot.com.br/. Acesso em: 14 Jul. 2014.
Dall Agnol, D. Bioética. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
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