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Mostrando postagens de maio, 2020

Montaigne e a Providência divina: fortunas e infortúnios

Trecho extraído dos ensaios de Montaigne: Que é preciso prudência para se meter a julgar os decretos divinos O verdadeiro campo e assunto da impostura são as coisas desconhecidas, tanto mais que, em primeiro lugar, a própria estranheza lhes dá crédito, e, além disso, não estando mais sujeitas a nossos raciocínios habituais, nos retiram o meio de combatê-las. Por isso, diz Platão, é bem mais fácil satisfazer as pessoas ao falar da natureza dos deuses que da natureza dos homens, pois a ignorância dos ouvintes permite ao manejo de tais matérias secretas uma bela e longa carreira, em absoluta liberdade. Daí resulta que em nada se crê tão firmemente como naquilo que menos se sabe, e que não há pessoas tão seguras quanto as que nos contam fábulas, como alquimistas, especialistas em prognósticos, astrólogos, quiromantes, médicos, id genus omne. [todos os dessa espécie.] A eles, de bom grado eu acrescentaria, se me atrevesse, uma profusão de pessoas, intérpretes e controladores comuns dos de