O intelectual pode viver um vida envolta por bons argumentos e erudita, mas com pouca alegria e tranquilidade. É por isso que se diferencia o sábio do intelectual. O primeiro sabe viver, o segundo ainda não. Possuir informações, saber argumentar, ter raciocínio apurado não necessariamente torna alguém sábio. Nesse sentido, a sabedoria visada pela filosofia requer algo diferente do mero bom desempenho intelectual ou argumentativo, como podemos ver abaixo:
(...) [Para Epicteto] o problema é quando se acredita que o progresso do filósofo acontece apenas por meio do aperfeiçoamento argumentativo ou pela capacidade de analisar discursos ou textos. É levando isso em consideração que Epicteto travou o seguinte diálogo com alguém que lhe ouvia:
Então me mostra aí o teu progresso. Do mesmo modo que, se eu dissesse a um atleta “Mostra-me tuas espáduas e teus braços”, e ele dissesse “Olha meus halteres”. Tu olharás teus halteres. Eu desejo ver o efeito dos halteres.
– Toma o tratado
Prisioneiro! Não busco
Assim como o progresso do atleta não está em seus instrumentos de ginástica, mas no seu desempenho, o progresso do filósofo não pode ser medido pelos livros que leu, muito menos por suas interpretações de textos filosóficos, mas pelo aprimoramento de suas próprias ações. A atividade filosófica, nesse caso, mostra-se útil, pois orienta o ser humano a harmonizar-se com o que é natural, tendo por objetivo a serenidade característica de quem vive com sabedoria.”
O trecho citado acima é parte do meu artigo Ética e Atitude Filosófica em Epicteto, que foi publicado na Revista Prometeus (n. 29).
Link para o texto completo em pdf :https://seer.ufs.br/index.php/prometeus/article/view/10455/8694
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