Desde sua primeira edição, no ano 2002, o Big Brother Brasil sempre
foi um programa muito criticado por diversos setores da sociedade.
Todavia, por mais que seja um alvo muito visado por professores,
jornalistas, universitários, etc., as suas mais diversas edições,
ano após ano, são até hoje consideradas um sucesso televisivo. De
fato, ainda que eu não seja um assíduo telespectador desse estilo,
sei que grande parte da população gosta e assiste sempre que
possível. Não é muito difícil perceber esse gosto popular.
A possibilidade de assistir intimidades não é propriamente um
fenômeno do BBB. Foi através da internet que se deu esta
popularização. A diferença nesse caso é mais sutil.
Diferentemente da internet, onde o assistido mostra somente o que lhe
convém e quando lhe convém, no BBB se tem acesso a tudo e o tempo
inteiro. E mais: não é um mero assistir, mas sim, pelas próprias
características do programa, um vigiar. É uma vigilância para
julgar quem merece continuar no programa e se tornar milionário.
Esse é o intuito do programa.
A questão da vigilância foi um dos temas abordados no livro Vigiar
e Punir, do pensador francês Michel Foulcault. Nesta obra, o autor
chama a atenção para uma criação arquitetônica, elaborada por
Jeremy Benthan, denominada panóptico. O pan-óptico é uma
estrutura preparada para observar e não ser observado. É uma torre
que se encontra no centro do local a ser vigiado, tendo ao redor dela
os observados organizados de forma a nunca escapar dos olhares
centrais. A esse formato de vigilância denominamos panoptismo.
O que chama atenção no BBB é justamente essa relação com o
panoptismo descrito por Foulcault. Esse programa de tv demonstra que
há um certo prazer dos telespectadores ao poderem observar sem serem
observados. Soma-se a isso o fato de que os telespectadores têm o
poder de analisar e julgar os vigiados. O Big Brother Brasil, além
de ter muitas semelhanças com o panoptismo, demonstra que muitas
pessoas podem ter alegria e entretenimento ao vigiar e controlar a
vida alheia de forma anônima. Assustador, não?
Olá, Diogo.
ResponderExcluirParabéns pelo blog!
Eu o conheci através de sua postagem na página Consciência, do Facebook.
Lendo sobre este tema, fiquei interessada em saber mais sobre o Panoptismo. Confesso que tive uma vontade danada de "dar uma espiadinha" no Congresso Nacional. Imagine só o que veríamos por lá?
Nada contra aos telespectadores de BBB, mas considero, com todo o respeito, um desperdício de tempo. As pessoas se prendem às futilidades e esquecem daquilo que realmente é importante. E a falta de pensar faz com que essas pessoas não imaginam que, num ato mais aproveitável, podemos fazer do nosso país o melhor em educação, segurança, saúde, entre outros, observando mais e controlando melhor aqueles que estão no poder.
Já que a população busca o entretenimento em algo superficial, por que não em algo mais eficiente?
Que tal instalar umas "câmerazinhas" nas salas de reuniões e todos os ambientes muito frequentados pela presidência, ministros e todos os comparsas?
Sabemos que, quando juntos, eles subvertem a estrutura brasileira impedindo de sair do patamar (para dizer o máximo) "país emergente".
O "Congresso Panóptico Nacional"!
Divertido, não?
Melhor, seria eficaz e eficiente!